O PRECURSOR DO ECUMENISMO NO BRASIL
D. CARLOS, O PRECURSOR DO ECUMENISMO
Antes do Concílio Vaticano II, a visão da Igreja Católica Apostólica Romana, em relação às outras religiões era muito diferente. Foi no referido Concílio que se instituiu o ecumenismo numa perspectiva de abertura para o diálogo com as outras religiões.
Bem antes, porém, no Brasil, Dom Carlos Duarte da Costa, ex-bispo de Maura, instituía em sua igreja nascente, A Igreja Católica Apostólica Brasileira – ICAB, a prática da tolerância e do diálogo religioso, bases do ecumenismo. Em muitos documentos sejam eles decretos, artigos, cartas, o bispo se refere às outras confissões religiosas com muito respeito reconhecendo o papel de cada uma, a seu modo, como meio que o homem encontrou de chegar a Deus. Selecionamos dois pequenos textos em que isso fica evidenciado em situações distintas.
O primeiro é um documento oficial da ICAB, o primeiro decreto assinado por ele enquanto bispo do Rio de Janeiro e presidente da ICAB. Diz o decreto:
“Católicos, protestantes, espíritas, espiritualistas, teosofistas, ... todos aqueles que nutrem admiração pela pessoa de Cristo, ... considerando-o o homem perfeito ou o homem modelo, ... formamos todos com Cristo e em Cristo um corpo que se vai desenvolvendo e procurando perfeição, ... visando a felicidade humana a centelha do amor de Deus aos homens. Esse corpo é a humanidade; são os homens, conjunto da matéria e espírito, formando com Cristo um ser moral e espiritual.” (Decreto 01 de 21/07/1945)
Como se vê o bispo, num longo decreto de regulamenta cão da igreja nascente coloca no mesmo plano: católicos, espíritas e protestantes. Destes só os espíritas tinham uma visão como a dele. Pode-se dizer que esta era uma posição muito além de seu tempo.
Mas isso não ficou só num decreto, percebe-se na prática da nova igreja, pelo menos quando sob sua direção, até seu falecimento em 1961. É o que nos revela uma de suas correspondências, a um padre de sua igreja, que tivemos acesso. Diz ele:
“... Receba os meus parabéns pelo grande triunfo da celebração da missa no Centro Espírita Caboclo José Francisco e apresente minhas congratulações aos dirigentes. Muito penhorado agradeço a delicadeza de me enviar algumas pétalas de rosas da festa. “
(Carta ao Pe Diamantino Costa em 06 de abril de 1953)
Esta posição, eu penso, nem hoje é praticada pela própria ICAB. É de uma sensibilidade e respeito para com a religião afro-brasileira sem precedentes na história do Brasil. Hoje pelo contrário, ainda há um forte preconceito com estas religiões, tanto pela Igreja Católica, com exceção de alguns setores e notadamente na Bahia; como pelas igrejas evangélicas. Estas então satanizam aquelas. Isso ficou bem claro nos depoimentos dos historiadores no VIII Simpósio da Associação Brasileira de História das Religiões, em São Luis do Maranhão em maio de 2006.
Por tudo isso e por outras evidências da orientação e da prática de Dom Carlos Duarte da Costa, um homem com uma visão além de seu tempo, podemos inferir que ele figura entre os precursores do ecumenismo em nosso país.
Francisco Artur Pinheiro Alves
Antes do Concílio Vaticano II, a visão da Igreja Católica Apostólica Romana, em relação às outras religiões era muito diferente. Foi no referido Concílio que se instituiu o ecumenismo numa perspectiva de abertura para o diálogo com as outras religiões.
Bem antes, porém, no Brasil, Dom Carlos Duarte da Costa, ex-bispo de Maura, instituía em sua igreja nascente, A Igreja Católica Apostólica Brasileira – ICAB, a prática da tolerância e do diálogo religioso, bases do ecumenismo. Em muitos documentos sejam eles decretos, artigos, cartas, o bispo se refere às outras confissões religiosas com muito respeito reconhecendo o papel de cada uma, a seu modo, como meio que o homem encontrou de chegar a Deus. Selecionamos dois pequenos textos em que isso fica evidenciado em situações distintas.
O primeiro é um documento oficial da ICAB, o primeiro decreto assinado por ele enquanto bispo do Rio de Janeiro e presidente da ICAB. Diz o decreto:
“Católicos, protestantes, espíritas, espiritualistas, teosofistas, ... todos aqueles que nutrem admiração pela pessoa de Cristo, ... considerando-o o homem perfeito ou o homem modelo, ... formamos todos com Cristo e em Cristo um corpo que se vai desenvolvendo e procurando perfeição, ... visando a felicidade humana a centelha do amor de Deus aos homens. Esse corpo é a humanidade; são os homens, conjunto da matéria e espírito, formando com Cristo um ser moral e espiritual.” (Decreto 01 de 21/07/1945)
Como se vê o bispo, num longo decreto de regulamenta cão da igreja nascente coloca no mesmo plano: católicos, espíritas e protestantes. Destes só os espíritas tinham uma visão como a dele. Pode-se dizer que esta era uma posição muito além de seu tempo.
Mas isso não ficou só num decreto, percebe-se na prática da nova igreja, pelo menos quando sob sua direção, até seu falecimento em 1961. É o que nos revela uma de suas correspondências, a um padre de sua igreja, que tivemos acesso. Diz ele:
“... Receba os meus parabéns pelo grande triunfo da celebração da missa no Centro Espírita Caboclo José Francisco e apresente minhas congratulações aos dirigentes. Muito penhorado agradeço a delicadeza de me enviar algumas pétalas de rosas da festa. “
(Carta ao Pe Diamantino Costa em 06 de abril de 1953)
Esta posição, eu penso, nem hoje é praticada pela própria ICAB. É de uma sensibilidade e respeito para com a religião afro-brasileira sem precedentes na história do Brasil. Hoje pelo contrário, ainda há um forte preconceito com estas religiões, tanto pela Igreja Católica, com exceção de alguns setores e notadamente na Bahia; como pelas igrejas evangélicas. Estas então satanizam aquelas. Isso ficou bem claro nos depoimentos dos historiadores no VIII Simpósio da Associação Brasileira de História das Religiões, em São Luis do Maranhão em maio de 2006.
Por tudo isso e por outras evidências da orientação e da prática de Dom Carlos Duarte da Costa, um homem com uma visão além de seu tempo, podemos inferir que ele figura entre os precursores do ecumenismo em nosso país.
Francisco Artur Pinheiro Alves
Comentários
Parabens pelos seus escritos sobre Sao Carlos do Brasil, gostei muito.
Pessoalmente pesquiso sobre a vida desse heroi esquecido, tanto pelos brasileiros quanto pela propria ICAB, ha mais de 10 anos.
Tenho tambem, algumas pesquisas sobre este heroi, pai do catolicimo nacional.
Um forte abraco e que Deus o abencoe sempre.
+ Marcelo Pires
New York, 29 deJunho de 2007.
Toda a atenção deveria se voltar para esse binômio. Não digo que o homem possa prescindir da religião. É uma necessidade espiritual. Mas cautela deve ser tomada para que não soframos influências negativas sob o ponto de vista econômico.
No tempo de Jesus, Judas seu tesoureiro, diante das dificuldades econômicas do grupo que estava mais próximo do Mestre, apelou para um plano audacioso: Vender Jesus.
Pensou Judas que passando a perna no Sumo Sacerdote ANÁS, pois de nada adiantaria ele “comprar” Jesus, tendo em vista que os poderes divinos de Jesus fariam com que nada de mal acontecesse, isto é, o Mestre recorreria à sua falange de anjos protetores. O dinheiro estaria em suas mãos e o problema seria resolvido.
Enganou-se Judas. O Mestre tinha a determinação divina para imolar-se em prol de toda a humanidade.
Ora, se o personagem da história bíblica, Judas, já possuía preocupações econômicas para a manutenção e sobrevivência de um grupo de pessoas, por que nós outros em pleno século XXI, era da tecnologia avançada, vamos desdenhar dos conceitos básicos da ciência econômica para que possamos sobreviver? Foi assim, com essa teoria muito interessante que surgiu no Brasil um homem chamado CARLOS DUARTE COSTA, Bispo da Igreja de Roma, com uma extraordinária visão sócio-religiosa-econômica empreendeu uma das mais importantes mudanças de mentalidade religiosa no Brasil. Desagradou evidentemente. Quebrar paradigmas dogmáticos religiosos, mostrar que a ciência política e econômica move toda a humanidade lhe rendeu o ódio da Igreja de Roma e conseqüentemente sua expulsão. Funda então a Igreja Católica Brasileira.
No ano que passou um importante acontecimento econômico chamou a atenção de boa parte de brasileiros. A EXTINÇÃO DA CPMF. Os jornais publicam excelentes artigos de economistas e consultores sobre as conseqüências que virão sobre nós, povo, se o modelo arrecadador da UNIÃO não for alterado. O Estado tem como meta básica promover a justiça social. E não a fará se não mexer nos índices econômicos arrecadadores da produção econômica, OS IMPOSTOS. Há os que produzem, assim como há os que apenas consomem. Nessa relação uma supera a outra, e deve ser mesmo a dos consumidores. Um dilema! Mas o povo dessa outra ponta se não produz no sentido da economia de mercado, no mínimo contribui com braços e mãos para a riqueza nacional. E esse pessoal precisa estudar, de alimentos, saúde, segurança, lazer, transporte e diversão. Por isso precisamos, diante do que aconteceu no tempo de Jesus, rezar sim, mas procurarmos entender como funciona essa coisa de economia política. Outra coisa, as igrejas pararem com esse negócio de ficar vendendo JESUS CRISTO a grosso e a retalho!
Para entender bem tudo isso, leiam o excelente artigo produzido por uma mente brilhante, TOMISLAV R. FEMENICK, Tribuna(RN) de 13/01/08.
DIMIRSON HOLANDA CAVALCANTE
Diácono
Salve!
Assim como o padre Marcelo Pires, eu também, por minha conta pesquisado sobre Dom Carlos Duarte Costa, e fico muito feliz ao encontrar o trabalho que os senhores estão fazendo.
Aqui em São Paulo temos uma federação, de movimentos populares, chamada Movimento Terra de Deus, Terra de Todos que atua principalmente na luta por moradia popular, através mutirões de construção de casa e apartamentos em sistema de mutirão e autogestão.
Esse movimento é muito respeitado e reconhecido como umas das principais forças dos "Sem Tetos" da Capital paulista. Dom Carlos é o patrono e inspirador dessa organização, que também é parte do Serviço Paz e Justiça na América Latina - SERPAJ-Brasil que, por sua vez, é um Organismo Consultivo da ONU.
Como vemos, o Bispo de Maura lançou sementes que vão germinando aqui, ali e acolá...
Cabe aos estudiosos e pesquisadores, ou mesmo aos simples interessados, ir recolhendo essas experiências, refletindo sobre e a partir delas, concatenando-as e devolvendo o resultado desse trabalho aos seus produtores primeiros, num processo de retroalimentação.
Rosalvo Salgueiro
São Paulo, 05 de fevereiro de 2009