diálogo religioso e suas contradiçãoes

Franciso Artur Pinheiro Alves*

É sabido que após o Concílio Vaticano II a Igreja Católica Apostólica Romana – ICR intensificou o diálogo com as outras confissões religiosas, num movimento denominado “ecumenismo. No Brasil ecumenismo tem se expandido e um dos resultados visíveis dele é a participação da ICR no CONIC - Conselho Nacional de Igrejas Cristãs. Nele estão igrejas de tradição protestante, como é o caso da Igreja Luterana, que teve um de seus membros presidindo o CONIC. O diálogo evoluiu de tal forma que a Campanha da Fraternidade , de 2005, foi feita com a participação do CONIC. Antes era uma realização apenas da CNBB.
Estes acontecimentos são promissores para o Cristianismo, é um exemplo para o mundo com tantos conflitos religiosos. É preciso que se cultive e amplie-o diálogo entre as religiões para se garantir a paz entre os homens, pelo menos nesta área. Parabéns a ICR, por manter este posicionamento com as igrejas protestantes e Católicas Orientais no Brasil dentro do CONIC.”
Há porém uma contradição da própria ICR em relação ao diálogo religioso, quando esta impede que outra igreja participe do CONIC. Isso aconteceu quando a Igreja Católica Apostólica Brasileira - ICAB, em 1989 teve seu pedido de ingresso no CONIC negado, “ em virtude da posição contrária da ICR que é membro do referido Conselho” (Sanchez,2002). Neste particular é estranha a posição da ICR. Reconhece as igrejas protestantes históricas, o que sem dúvida é um grande avanço, numa atitude pós concilio e em relação a igreja nacional tem um comportamento pré Concílio Vaticano II. Na verdade não sabemos se essa atitude da ICR em relação à ICAB, ainda permanece, no que se refere ao CONIC ou se houve uma evolução, se a ICR permanece com esta posição, é lamentável..
Na minha ótica a ICAB tem contribuído muito mais com a ICR no Brasil, do que contrariado, se não vejamos. A partir da ICAB em1945, os católicos brasileiros passaram a ter uma segunda opção de igreja, notadamente aqueles excluídos de alguns sacramentos da ICR. Explico melhor. Por exemplo: Os divorciados. Estes, que são milhares no Brasil, não podem receber o Sacramento da Eucaristia, a comunhão, se tiverem efetuado um novo casamento. Para estes a ICAB tem uma outra posição: permite o segundo casamento e conseqüentemente que recebam a comunhão. Isso é maravilhoso, pois o católico na ICAB continua católico, não precisa sair para uma igreja Evangélica ou de outra confissão para realizar o seu segundo matrimônio, que é permitido pelas legislação nacional. Outro ponto em que a ICAB está contribuindo com a ICR, é permitir a ordenação de padres casados. Na ICAB o celibato é opcional. A ICR no Brasil pode aprender com esta experiência de 50 anos da ICAB, sobretudo neste momento que a abolição do celibato obrigatório está em discussão na ICR. Só para citar dois exemplos, mas há inúmeros.
Quando digo que ICAB está contribuindo com o catolicismo e neste particular é bom para a ICR, o faço dentro dos princípios cristãos do amor e da humildade que é válido para os homens e suas instituições e, com certeza, está presente na ICR e em sua relação com a ICAB, menos quando aquela rejeita a participação desta em um conselho nacional de igrejas cristãs.
*Prof. Da UECE e membro da Academia Capistranense de Letras e Artes - ACLARTE

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