ORDENAÇÃO DE MULHERES

Francisco Artur Pinheiro Alves

O Evangelho está recheado de passagens em que Jesus, mesmo numa sociedade machista como era a de seu tempo, reserva atenção, amor e carinho para com as mulheres. Duas personagens são, muito presentes no Evangelho: Maria e Madalena.
Com a evolução dos tempos, a mulher ganhou espaço na sociedade. Todas as profissões tem a participação das mulheres. Ao acolher a mulher naquela sociedade, Cristo, foi além do seu tempo. Hoje os tempos são outros, como disse, a mulher tem um papel social que conquistou, a duras penas, ao longo da história. Cabe às igrejas cristãs que se dizem representar o seu Fundador, ter para com as mulheres a visão que Jesus teve. Um reconhecimento dessa visão é a ordenação das mulheres.
Na área do catolicismo quem mais avançou neste sentido, foi a Igreja Anglicana. Aliás a Igreja Anglicana avançou também em relação ao celibato, ao permitir que seus padres e bispos sejam casados. Mais recentemente, a partir da década de 90 ordenou mulheres. À época li uma reportagem sobre o tema em uma revista nacional na qual se referia aos bispos e padres que foram contra a decisão. Alguns mais radicais chegaram a deixar a igreja, mas foram poucos em relação ao números de mulheres ordenadas. Agora a igreja já está ordenando bispas e para acalmar os radicais opositores, criou um bispado itinerante para atender aqueles que são opositores da norma. Muito sabiamente a Igreja Anglicana avança em relação à participação das mulheres e creio que está no ruma certo, pelo menos se tivermos como parâmetro os ensinamentos e o exemplo de Cristo, alicerçado em um profundo amor pelo próximo.
No Brasil isso está longe de acontecer aind, pelo menos no âmbito da Igreja Católica Apostólica Romana. A Igreja Católica Apostólica Brasileira, organizada por um bispo da Igreja Católica Romana, que nacionalizou a sua Igreja, o fez permitindo que os padres pudessem ser casados. Nela o celibato é opcional e não obrigatório. Em relação às mulheres houve um avanço, mas depois, talvez pela reação uma parada e o tema novamente está na pauta.O avanço foi a ordenação de diaconisas. Na ICAB os diáconos podem realizar alguns sacramentos, como o batismo e o matrimônio, além é claro, da celebração da palavra. Entretanto são poucas as mulheres com este título, daí compreendemos que houve um recuo.Ano passado, porém, chegou-se a discutir a ordenação de mulheres a nível de Igreja Brasileira, mas parece que a proposta não foi aprovada na reunião plenária dos bispos. Entretanto só em se permitir a discussão de tal tema já é um avanço.
Como igreja revolucionária para a época, com as inovações que trouxe para o catolicismo nacional, a ICAB deveria entrar firme nessa discussão e mais uma vez inovar, dando exemplo para o Brasil e para o mundo, assim como fez ao ser pioneira na celebração da missa em língua vernácula, em permitir o casamento de divorciados e que seus padres pudessem casar. Neste particular a ICAB deveria seguir o exemplo da Igreja Anglicana.Caso venha a ordenar mulheres a ICAB estará dando continuidade ao pioneirismo de seu fundador, Dom Carlos Duarte da Costa.

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