Abusos sexuais e celibato

Francisco Artur Pinheiro Alves
Artur.uece@yahoo.com.br

A onda de denúncias de abusos sexuais cometidos por padres na Igreja Católica Romana nos Estados Unidos, depois na Irlanda, na Áustria e na Alemanha, nos últimos anos, são fatos que deveriam encorajar os defensores do debate em torno do fim da obrigatoriedade do celibato para padres.
Sabe-se que a obrigatoriedade do celibato não remonta à fundação da Igreja por Jesus. O próprio Pedro tido como primeiro bispo da Igreja Romana, era casado, pois o Evangelho narra a cura de sua sogra por Jesus(Lc4.38), pois se tinha uma sogra, era casado. Jesus não impôs o celibato para os apóstolos, se o fizesse estava contrariando uma tradição no judaísmo onde os sacerdotes eram casados. João Batista era filho de um sacerdote, Zacarias, que era casado com Elisabete (Lc.1.5).Por outro lado, São Paulo na Carta a Tito, recomenda que o bispo deve ser casado com uma só mulher, não ser chegado ao vinho e ter bons filhos (Tt.1:6). Portanto não há justificativa bíblica nem teológica para a manutenção da obrigatoriedade do celibato.
Na História da Igreja no Brasil registram-se dois importantes momentos de luta contra o celibato: Um liderado pelo Padre Diogo Antonio Feijó em 1828, quando proferiu na Câmara dos Deputados importante discurso condenando o celibato obrigatório e provando que não era bíblico e era antinatural. O outro momento foi na década de 1940 liderado por Dom Carlos Duarte da Costa, ex-bispo de Botucatu, SP e bispo titular de Maura ( Mauritânia), excomungado pela Igreja Romana e fundador da Igreja Católica Apostólica Brasileira – ICAB.
Mais recentemente uma outra autoridade da Igreja no Brasil se manifesta contra o Celibato e pela ordenação de mulheres, é Dom Clemente Isnard, bispo emérito de Nova Friburgo-RJ. Em seu livro: Reflexões de um Bispo Sobre as Instituições Eclesiásticas Atuais, ele diz textualmente:”A Igreja faz atualmente um esforço tão grande para abrir e manter seminários com resultados por vezes decepcionantes. Por que tantos seminaristas deixam o seminário antes da ordenação? Não poucos por causa do celibato”. O celibato deveria ser opcional e não obrigatório.
Os padres casados levariam seus filhos suas famílias para a Igreja, haveria uma integração maior entre família e Igreja com menos chance de prática de pedofilia, ainda que viesse a ocorrer, com certeza, seria em números mais reduzidos.
Não temos como provar uma relação direta entre pedofilia e celibato, mas a depender do noticiário da imprensa, parece haver uma relação entre estas duas.O problema merece um profundo estudo por parte da hierarquia da Igreja e no caso de haver relação, a humildade de reconhecer o equívoco e tomar as medidas para corrigi-lo, eliminando uma das fontes do problema que está, a nosso ver, na obrigatoriedade do celibato sacerdotal.

Comentários

DEUS SEJA LOUVADO.

SUAS REFLEXÕES SÃO DE UM BRILHANTISMO INCOMPARÁVEL.PARABÉNS . TEMAS ATUAIS COM PENSADORES DO PASSADO,O QUE MOSTRA DE FORMA CATEGÓRICA QUE ESTES DE UM PASSADO NÃO TÃO LONGE DE NÓS JÁ TINHAM EM VERDADE UM PENSAMENTO MAIS QUE ATUAL. LHE PEÇO LICEÇA PARA POSTAR ALGUSN DE SEUS TEXTOS NO JORNAL QUE POSSUÍMOS NA DIOCES DE VOLTA REDONDA DA ICAB. É UM JORNAL MENSAL,MAS DE TIRAGEM E ABRANGENCIA RAZOÁVEL.

+DOM DUARTE
DIOCESANO DE VOLTA REDONDA
Anônimo disse…
Obrigado por estas (e as outras) reflexoes, lucidas, que contrubiem para que a Verdade liberte.

Padre Antonio Piber
Reitor do Seminario São Carlos do Brasil
Igreja Católica Apostólica Brasileira

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