BISPO DE MAURA O PRECURSOR DO VATICANO II


Francisco Artur Pinheiro Alves (artur.uece@yahoo.com.br)

Dom Carlos Duarte da Costa, foi o segundo bispo de Botucatu – SP, eleito em 1924, em 1937 renuncia ao seu posto e é nomeado Bispo de Maura, diocese fechada na Mauritânia, África. A partir de então, passa a ser ferrenho opositor do papa. Numa época em que ninguém se atrevia em arriscar opinar por uma reforma na Igreja Católica Romana, ele o fizera ao Papa Pio XI. Uma de suas propostas consistia em celebrar a missa em língua vernácula, ou seja, em Português. Naturalmente esta proposta foi prontamente rejeitado pelo papa.
A Missa em português, parecia um absurdo para a ala mais conservadora da Igreja à época.O padre Florêncio Dubois, seu contemporâneo, referindo-se à posição de D. Carlos, escreveu:.”O latim é, como o grego, uma língua materna da Igreja Romana”, e diz mais: “A igreja falou latim no berço e falará latim até a cova.” Em outro trecho após exemplificar com uma oração em latim, sentencia:”Possuindo um tesouro na língua latina, a Igreja não tenciona desfazer-se dele para agradar a quem é incapaz de apreciar-lhes as belezas.” Apesar de tanta convicção e de parecer ser esta a idéia reinante no monto, menos de 10 anos depois, sua tese caia por terra, o Concílio Vaticano II adotou o uso da língua vernácula para a celebração da Santa Missa.
As outras mudanças propostas pelo Bispo de Maura eram: Casamento de divorciados, fim da obrigatoriedade do celibato para os padres, fim da confissão auricular e eleição do bispo pela comunidade, como na igreja primitiva. Estas, porém, nem o Concílio Vaticano II conseguiu estabelecer.
A postura do referido bispo, a partir de sua saída de Botucatu, foi de confronto com o Vaticano, inclusive acusando a Igreja Romana de se posicionar a favor do Nazismo e do Facismo. Os desentendimentos chegaram a tal ponto que Dom Carlos foi excomungado pelo papa Pio XII em 1945..
Com a publicação de sua excomunhão, o prelado brasileiro publicou um documento denominado “Manifesto à Nação” no qual reafirma suas convicções e institui a Igreja Católica e Apostólica Brasileira, ICAB, que nasce já com os princípios defendidos pelo mesmo. Estabelecia-se assim, no Brasil, o primeiro cisma da Igreja Católica Apostólica Romana, fato que teve repercussão nacional e internacional, à época e que persiste até hoje, com a existência da ICAB em solo nacional e em outros países.

Comentários

Mauro Castagnaro disse…
Estimado Artur de Capistrano, soy un periodista italiano especializado sobre las igleasias de America latina. Desde hace algunos anos empeze una investigacion sobre las Iglesias catolicas nacionales en el continente. EStoy buscando el libro "Sob o signo da liberdade" del obispo de la Icab Geraldo Albano de Freitas. Puede ayudarme a conseguir una copia de este libro? Esperando respuesta.
Mauro Castagnaro
marina.elena@libero.it

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